segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A caminho de uma só empresa

Quem pensaria, há não muito tempo atrás, que as cervejas Brahma e Antártica fariam parte de uma só empresa, a AmBev. O mesmo vale para a Sadia e a Perdigão, bem como para os bancos Itaú e Unibanco.

A concentração de empresas em grandes corporações, via aquisição ou fusão, é uma tendência mundial com o intuito de que estas se fortaleçam e, com maior poder de barganha, sejam mais competitivas neste mercado extremamente globalizado.

Bom ou ruim, isto vem acontecendo cada vez mais, vejam o caso agora da fusão entre o Pão de Açúcar e Casas Bahia, as duas juntas terão 1.015 lojas, com um total de 137 mil funcionários, tornando-se o maior empregador do país e em 5º lugar entre as maiores empresas, ficando atrás apenas da Petrobrás, Vale, Gerdau e Ambev.

Estas concentrações visam controlar o mercado, provavelmente, 50% do mercado de eletrodomésticos, eletrônicos artigos de informática, etc. estará na mão desta rede e, comenta-se, que em São Paulo 70%.

O objetivo destas concentrações também é a manutenção do lucro, cada vez mais espremido pela forte concorrência, logo alianças são necessidades estratégicas para a manutenção do lucro, tirando do mercado o poder de fixar os preços.

Com maior poder de barganha, as novas negociações implicarão na redução de preços e maior prazo de pagamento, podendo trazer dificuldades para os fornecedores. Cabe ressaltar, ainda, que as Casas Bahia é proprietária da fábrica de móveis Bartira, indicando uma verticalização por parte da empresa em alguns itens do seu negócio, pois a preferência é para a fábrica deles, depois para as outras.

Os nossos moveleiros que se cuidem, talvez esteja na hora de pensarem também em fusões, aquisições, etc., seguir o exemplo.

Há também uma sobreposição de lojas, calcula-se em 100 estabelecimentos que deverão ser fechados, mais o setor administrativo único, redundará na demissão de muitos funcionários. A economia gerada pela fusão será de R$ 2 bilhões, para um faturamento estimado de R$ 18 bilhões, dá pra perceber o quanto isto representa para o aumento do lucro.

As Casas Bahia, por outro lado, mais parece um banco travestido que uma empresa verejista, já que o ganho financeiro é, no mínimo, igual ao lucro. Eles tem 32 milhões de clientes e graças a sua particular política de crédito, apenas 1 milhão destes estão com atrasos nos pagamentos.

“Um pais só é forte se as suas empresas são fortes e as fusões são o caminho para isto”, afirma o consultor de empresas Nelson Barrizzelli, mas o Pão de Açúcar, é uma empresa brasileira ou do grupo francês Casino?

Tudo é relativo nesta vida, mas o poder está indo cada vez mais para poucos bilionários, pouco mais de 300 deles, controlam 80% da riqueza gerada no mundo. Controlar grande parcela do mercado, quando não é monopólio, é oligopólio e isto pode ser classificado como um “crime” econômico.

A realidade é que o mundo dos negócios está voltado – única e exclusivamente - para a satisfação da eficiência econômica e não para a satisfação das necessidades humanas, embora esta seja o fundamento da economia.

Infelizmente, o racionalismo econômico nos está conduzindo para uma concentração de renda jamais vista na história mundial e este caminho é o de poucas empresas e com isto o futuro do emprego está comprometido.

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