quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Análise política das eleições municipais de 2008 e seus efeitos.

A eleição de 2008 surpreendeu todos aos partidos, inclusive aquele que venceu.
Análise política das eleições municipais de 2008 e seus efeitos. 

As eleições.

As eleições de 2008 serviram para demonstrar que para ganhar ou perder basta estar concorrendo, dependendo da conjuntura. Parece uma redundância, mas não é. Aliás, um ano, antes do último pleito, todo o cenário se descortinava para que o status político da cidade não se movimentasse. Ao contrário sedimentava ainda mais. Essa era a voz corrente na cidade, inclusive daqueles que venceram. Primeiro, pelas características políticas da cidade e, segundo, pela fragilidade da oposição. Aliás, pelo que se percebeu, como os partidos e parlamentares não se encarregaram de fazer oposição, o próprio povo tomou essa tarefa para si. Isto ficou latente na corrida eleitoral.
Este foi o cenário que analisamos e sobre ele procedeu-se a ação do PSB em Bento. Adicione-se também o fato de que tais procedimentos foram tomados depois de uma vistosa, mas frágil, candidatura a Deputado Federal. Dois dilemas eram os que tínhamos de enfrentar: manter o partido com a atuação pela esquerda com o viés social e enfrentar uma eleição totalmente desequilibrada pelo centro de direita. Por outro lado, o PT negociava intensamente pela ultra direita com flerte explícito ao ex prefeito Darcy Pozza. Sonhava em poder indicar o candidato a vice de uma possível candidatura do PP, já que com o PMDB as negociações para o PT não evoluíam. Neste campo estava congestionada a vaga de vice. Este categoricamente não lhe deu possibilidade de indicar o candidato à vice prefeito, já que tinha compromissos com PP, PTB e PDT. Importante destacar que a fragilidade do PSB não era maior que a do PT. Este tinha uma visão de sua fragilidade que, inclusive, cogitava apenas em manter uma cadeira de Vereador, fato que lhe preocupava. Esta foi uma das conversas, ainda que informal, tida com lideranças do PT.
Ao PSB restavam 3 alternativas:
1) Candidatura própria: No entanto, tal alternativa foi arquivada pelo diretório municipal. O motivo foi que, naquele momento, o partido não dispunha de estrutura e mesmo de nomes disponíveis, já que o nome que era cogitado(Fabris) decidiu, juntamente com a direção, não participar do pleito.
2) Aliar-se com o PT que na época tinha uma enorme rejeição (e ainda tem, tanto que o partido foi escondido durante a campanha – e isso é fato).
3) A última alternativa seria uma coligação com o PMDB, já que aquele partido que convidou o PSB, era da base de apoio ao LULA e garantiria espaço para a implantação de propostas do PSB, além de outros itens políticos.  Foi o que se decidiu. Coligar com o PMDB, partido de centro. 


A aliança.

A aliança tinha que medir o ônus e o bônus, politicamente falando. Tinha que instrumentalizar o partido para que pudesse crescer, implantar suas idéias e manter intacto seu viés de partido de esquerda. A avaliação política geral era de que uma aliança com o PMDB poderia dar musculatura política para que o partido pudesse, fortalecido, implantar seus projetos e mostrar como faz e materializa seus ideais. Não contava, porém, com a rejeição da aliança, do modelo administrativo de privilégios, com desgaste pela gestão continuada de mais de 30 anos e, por fim, com a enorme rejeição do candidato a prefeito. Tais fatos foram fatais para que a aliança naufragasse.
O povo rejeitou os fatores antes citados. O inusitado da história foi que o PSB não participou da aliança que governou, não participou do modelo administrativo em nenhum dos 30 anos e não escolheu o candidato. Portanto, somente arcou com o ônus sem qualquer tipo de bônus ou facilidade ventilada nas eleições e pelas quais foi derrotada a aliança.


O revés eleitoral do pleito majoritário.

Vários são os motivos pelos quais a derrota foi verificada. Além daqueles declinados anteriormente, temos a questão da própria campanha. O cansaço demonstrado na comunicação, os erros táticos e a falta de clareza das propostas foram fatores determinantes para a situação verificada. Mais uma vez o PSB apenas arcou com o ônus. Suas idéias pouco ou nada foram colocadas em prática, durante a campanha. Ademais, o desgaste foi exposto ainda mais o que causou uma revolta geral no povo. Falava-se muito sobre os cargos de confiança. Pois bem, estes mesmos cargos resolveram se acotovelar nas esquinas fazendo bandeirassos sem nenhum ânimo e demonstrando nenhum apego à campanha pela forma como atuavam. Ora, isso foi determinante para o constrangimento daqueles que realmente faziam campanha e o povo tomou aquilo como uma explícita exposição de defeitos.
Assim, veio a eleição dando ampla maioria contra os itens já declinados. Veja que é bom ressaltar que o apoio da população não tem haver, automaticamente, com a votação prestigiando o PT ou o próprio candidato. Aliás, como se viu, sequer as bandeiras do partido foram utilizadas. Foi trabalhado com o partido na “surdina”.


Tarefas futuras do PSB de Bento Gonçalves-RS.

Nosso partido deve promover atividades para que se possa colocar o PSB no pleito da luta social. Não podemos dar chance aos vacilos típicos de tempos de poder ou partidos aliados ao poder. A ação dos militantes deve ser diretamente dirigida pelo partido. O partido deve agir conforme sua expressa formação organizativa, ter unidade na ação permitindo-se a discussão máxima até a decisão final, sempre primando pela disciplina e democracia.
Propostas em anexo.


1º ano de administração Petista em Bento Gonçalves-RS.

É certo que as últimas eleições entrarão para a história da cidade de Bento Gonçalves. Primeiro, pela forma polarizada e segundo pelo surpreendente resultado das urnas. A união dos 14 partidos em torno do poder passou a impressão para a população de que ela não seria ouvida para o novo mandato. Mais, passou a impressão que os últimos 30 anos de administração seriam seguidos por mais 4 com mais inchaço de CCs, com nepotismo e outros defeitos já assinalados. Assim, independente de quem estava no outro lado, a população resolveu dar um basta ao continuísmo político administrativo. Adicione-se a isso o fato de que as propostas antes defendidas pelo PSB foram defendidas pelo lado vencedor. A conjugação de tais componentes levou o PT ao poder pela primeira vez em Bento Gonçalves. Coube ao PSB aceitar e respeitar democraticamente o resultado das urnas, embora alguns filiados incautos gostariam de impregnar-se açodadamente de adesismo e correr para os braços petistas. Sabiamente a direção vetou tal comportamento e, ainda, definiu que somente a direção trataria da relação política entre o novo governo e o partido e tal resolução ainda continua em vigor na cidade. Depois de passados 11 meses de governo os petistas demonstram claras dificuldades em gerir a nova administração. Ao assumir uma estrutura administrativa de muitos mandatos com o mesmo viés, demonstram dificuldades para imprimir mudanças no governo como as apregoadas na campanha. Não existe um governo com clara identificação de esquerda ou centro esquerda. Aliás, não existe uma identificação no governo. Alguns secretários não têm nenhuma tradição de engajamento na luta política e social e isso se verifica como conseqüência nas falhas do governo de modo geral. Surgem reclamações em vários setores. O governo, como um todo, demonstra pouco apego ao diálogo com a sociedade organizada. Não dialoga com partidos institucionalmente, nem mesmo aqueles do mesmo campo, como eles mesmos dizem a nível nacional e estadual, o PSB, PCdo B e outros. Fazem isso, mesmo que nas eleições fossem estes partidos, muito solicitados e cortejados para o fim de formar chapa, como ficou público e amplamente demonstrado. Na prática, não vem demonstrando diferença de outros partidos, quando no poder. Demonstram também que ao não estarem dispostos a dialogar institucionalmente com os partidos, preferem o contado individual facilitando assim a cooptação de pessoas, quadros e filiados. Convidam filiados de um e de outro partido para participar de “cargos”, mesmo que sem relevância no governo, não demonstrando buscar o fortalecimento dos partidos políticos como instituição e a democracia política. De qualquer forma, ainda é cedo para se fazer uma análise definitiva sobre o Governo Municipal. Pois se passaram apenas 11 dos 48 meses que dispõem o PT na Administração. No entanto, já se podem tirar estas conclusões com segurança pelos primeiros passos do novo governo, já que estes são os indicativos seguros de seu comportamento inicial. 

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